20.9.07

Dona Bjork e Jay Jay, o jatinho.

Quando vocês entram no site da ticketmaster para comprar o ingresso-super-em-conta do nosso querido Tchim, logicamente passam pela cabeça as várias maneiras que a produção inventar de gastar o dinheiro. É fato que boa parte - talvez nem tão boa assim - vai nas listinhas de exigências das atrações que, é bem verdade, não costumam sair muito da linha não. A não ser quando dona ilustríssima Bjork é uma dessas atrações. Pois é, a maluquice (ou paranóia) já virou até notícia de jornal. Reza a lenda que por medo de um acidente em espaço aéreo brasileiro – que, convenhamos, é algo com uma probabilidade considerável de acontecer nesses últimos tempos – dona Bjork quer um jatinho particular para transitar pelas cidades em que vai se apresentar aqui no Brasil. A coisa do acidente aéreo seria uma explicação até bem cabível, mas na realidade não se sabe se é bem esse o motivo. O que procede é que ela realmente quer o tal jatinho. Que bom que nós estamos pagando um preço justo que torna possível a satisfação da dona Bjork, não é mesmo? A nossa meta é fazer os turistas se sentirem em casa.
Track 6 (Bjork - Aeroplane)
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The Big Reunion


O The Big Reunion já tem line up confirmado e os ingressos já estão à venda. Trata-se de um festival de inverno indoor que vai acontecer de 23 de novembro a 2 de dezembro na cidade de Skegness, costa leste do UK. Tirando CSS que já é presença confirmada em todos os festivais da Europa, Dirty Pretty Things, Forward Rússia e The Young Knives também fazem parte do line up, além de djs mega badaladinhos por lá, que ficam com a parte eletrônica do evento. Como se já não bastassem os festivais de verão, agora temos também os festivais de inverno que, aposto, não serão nada frios.
Track 2 (CSS - Alala)
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Juliette no VMB

Os fãs da Juliette Lewis e do Juliette & The Licks terão um bom motivo para assistir ao sempre chato VMB desse ano. A emissora anunciou a banda como atração surpresa. Sim, tanto é o desespero de conseguir público para assistir à premiação que eles anunciaram a atração surpresa. Não sei como a MTV ainda não se convenceu de que essa idéia de fazer a versão brasileira do VMA não foi feliz. É um desafio assistir à programação regular da emissora nos meses que antecedem o VMB. As vinhetinhas-pentelho não páram de rodar e, não satisfeitos, eles criam programas especiais de meia-hora para falar exclusivamente da premiação. Talvez nesse ano exista até uma luz lá bem no fim do túnel, a julgar pela atração surpresa que foi anunciada - O Juliette & The Licks - e pelo programa que fala do VMB que está indo ao ar, que não é tão chato assim.
Track 2 (Juliette & The Licks - Money In My Pocket)
cheers.

5.9.07

Tim 07

Depois de muita confusão, informações vazadas, e muita revolta, parece que todos já estão entrando num processo de conformação com os preços e formato do Tim Festival. O Tim sempre ocupou a posição de melhor e maior festival brasileiro. No último ano todos fomos capazes de comprovar que a coisa não foi lá bem assim. Talvez o Tim ainda esteja no seu trono de festival com as melhores atrações, mas é no formato que o bicho pega. Há quatro anos atrás o formato do Tim era super novidade, sobretudo por aqui, mas outros festivais correram atrás e foram acompanhando o Tim a passos de formiga. Pois é, uma formiga totalmente nova e inesperada, que nem se julgava estar na competição, surpreendeu a todos e acompanhou o nosso querido Tchim no ano passado. Uma formiga que gostava de música eletrônica e ecstasy, chamada Nokia Trends. Não há dúvidas que o Nokia fechou o ano passado como o melhor festival, e isso não se deve às atrações, de forma alguma. Chega a ser desleal The Bravery competir com Daft Punk. A questão é que o formato do Nokia inovou, e chamou atenção fazendo da “indiezisse” das bandas um chamariz para a galera moderninha de sampa. Não sei se coincidentemente ou não, os organizadores do Tim esse ano resolveram inovar também. A boa notícia é que o número de atrações-hot-stuff aumentou consideravelmente em relação ao ano passado, a notícia ruim é que as bandas foram dividas “grupos” e quando você comprar o ingresso você estará pagando para assistir ao grupo e não para ter acesso a um determinado palco, como de costume. Se você comprar o ingresso para dois “grupos” no mesmo dia, você corre o risco deles acontecerem no mesmo palco e você terá de entrar, assistir ao primeiro grupo, depois sair e entrar de novo para assistir ao segundo. Maluquice? Um pouco. Para completar o caos, se alguém quiser asssitir à Cat Power e Arctic Monkeys no Rio, meio que não será possível. Os shows vão acontecer quase que no mesmo horário, igualzinho aos festivais europeus, idêntico, a mesma coisa, praticamente o Glasto.

O simpático Alex Turner - vocal do AM

Se a inteira de cada “grupo” fosse uns 100 reais estaria tudo lindo e todos estaríamos felizes, até uns 150 seria um preço mais condizente com o fim de mundo habitado por nós. Mas não, eles resolveram inovar no preço também, e cada “grupo de bandas” é 180 reais a inteira. Aí você pensa: “Ah, vamos todos para São Paulo, lá são várias atrações no mesmo lugar e o preço é um só: 200 reais”. Sim, São Paulo seria uma saída ótima se não houvesse uma área vip enorme na frente de quem quer assistir ao show. Nos fodemos? Talvez não. O bolso de alguns vai sentir um pouco, mas pode apostar que no fundo no fundo, quem está perdendo mesmo é o Tim. Perdendo em público e perdendo o trono. A nós agora resta comprar os ingressos e esperar pelas formigas super antenadas que ainda estão por vir nesse ano.

É isso, minha gente.
Não tem track mais propícia que essa:

Track 8 (This House Is A Circus - Arctic Monkeys)

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30.8.07

Carling Weekend 07

Depois de matar de inveja os que estão por aqui e de esvaziar o bolso dos que por estão lá, a temporada de festivais de verão já vai se encaminhando para o fim. Aconteceu neste fim de semana o último grande festival do ano: Carling Weekend Leeds & Reading. Digo o último grande, mas talvez este seja o maior de todos, se você considerar que são dois festivais acontecendo ao mesmo tempo: um em Leeds e outro em Reading. Ambos têm o mesmo line up, com as atrações revezando o dia da apresentação em um e em outro. Por falar em line up, muita coisa mudou esse ano. Leeds e Reading não têm muita fama de agradar a gostos variados, mas todo ano eles tentam manter pelo menos um headline que faz mais o tipo de pessoas normais de carne e osso. No ano passado foi o Pearl Jam, este ano, o Red Hot Chili Peppers.

Lama . Reading Festival 07 - Pic By Andrew Kendall - NME

Muitas bandas saíram e muitas entraram – um movimento comum que se deve ao período de safra e entressafra das gravações - mas o mais interessante mesmo é observar as bandas que migraram de palco. Posso estar enganado e isso pode ser uma teoria sem fundamentos, mas acredito que fatores como esse indicam se uma banda está em alta no momento ou não. No ano passado The Subways tocou no stage, não dava nada pelo show, tava ali esperando a atração seguinte, mas quando eles começaram a tocar eu totalmente entendi o motivo deles estarem no stage, foi tudo muito foda e muito bem feito. Nesse ano eles meio que “rodaram” e foram parar no NME que, apesar de menor, tem lá o seu charme. Não encaro a mudança de palco como uma decadência repentina na qualidade da banda, a mídia que talvez tenha os deixado de lado. Já o Long blondes fez o caminho inverso: saiu do NME em direção ao stage, refletindo o constante processo de ascensão por que vem passando a banda. Pelo visto essas coisas acontecem, mas imagino como deve ser decepcionante para uma banda saber que ela “caiu de palco” depois de um ano. Ou não, eu lembro do Jack White dizendo no início do show que o melhor de estar no festival com o Raconteurs é que ele podia tocar debaixo de uma tenda, numa atmosfera cool e intimista, que se tivesse com o White Stripes teria de tocar ao ar livre para um número muito maior de pessoas. Mini crise de estrelismo ou não, os argumentos procedem.


The Long Blondes . Reading Festival 07 - Pic By Andrew Kendall - NME


Maxïmo Park . Reading Festival 07 - Pic By Andrew Kendall - NME

Outra banda que saiu do NME em direção ao stage foi o Maxïmo Park, migração extremamente merecida, diga-se de passagem. No NME as coisas rolaram mais ou menos como tem sido nos últimos anos: um público mais conhecedor do que está assistindo e muita empolgação, claro. Um fato chamou atenção no Domingo, em Leeds. The View era o headline do NME, mas a quantidade e empolgação da platéia ao assistir a banda não chegou aos pés da loucura que os jornalistas ingleses relatam ter sido o show do Biffy Clyro, que tocou bem antes do View e teoricamente teria um público menor. A explicação é simples: no UK o público muda de “banda preferida” como quem muda de roupa, e o line up de festivais como esse são agendados muito tempo antes, ou seja, o público já mudou de opinião e The View não é mais o estouro que era há uns seis meses atrás – acontece. Diferente do View, o Smashing Pumpkins continua o mesmo estouro que era há alguns anos atrás. Billy e cia. fecharam a primeira noite de festival em Leeds com um set que não deixou ninguém sair do Branham Park com um pingo de decepção sequer, com “Hummer” e “Bullet With Butterfly wings”, entre outras.

Smashing Pumpkins . Leeds Festival 07 - NME

Bem, na dança de palcos que tem se mostrado a Carling Weekend agora é esperar para ver quem desce e quem sobre no line up do ano que vem. Temporada de verão europeu praticamente terminada, começa agora o segundo semestre musical aqui na terra dos papagaios e do CSS. Tim, Nokia e Moto já estão a caminho.


Link:

Smashing Pumpkins - Leeds Friday:
http://www.youtube.com/watch?v=u-IXVEsqcWs

Track 2 (Maxïmo Park - Our Velocity)

Cheers.

17.8.07

Falar (e especular) não é pecado

A Opinião Produtora ignorou o Billy aqui do lado e saiu falando e divulgando tudo para a imprensa. No Brasil é assim que funciona: as produtoras sempre brincam com a paciência do público prometendo mundos e fundos. The Strokes já tinha vindo ao Brasil umas cinqüenta vezes antes de 2005. The Rakes, Arctic Monkeys... Todos esses já foram alvo dos palpites. É bem verdade que os palpites acabam virando realidade, mas muito tempo depois. Os últimos dessa lista são o Smashing Pumpkins e o White Stripes. A produtora gaúcha declarou que tem um show confirmado com o Smashing Pumpkins para o fim do ano, no dia 27 de novembro no Pepsi On Stage, em Porto Alegre. Também confirma uma data para o Black Eyed Peas, no mesmo venue no dia 02 de outubro. Não sei se coincidentemente ou não, mas essa produtora é a mesma que divulgou o show do The Cure esse ano, hipótese descartada há bastante tempo. Sem dúvida nenhuma a grande surpresa – pensando bem nem tão grande assim – é a possível vinda do White Stripes. Para os Whites ainda está tudo meio nebuloso, uns dizem que não tem data nem local, outros afirmam que o show aconteceria no mesmo dia divulgado para o Smashing Pumpkins, 27 de novembro, no Bar Opinião. Ou seja, ninguém sabe de nada e nada é certo.


A surpresa não é tanta porque a dupla já é freqüentadora do Brasil há tempos. Como todos sabem, Jack White casou em terras nacionais, numa cerimônia dentro de um barco em Manaus, num rio. Meio que é de se esperar que eles queiram passar por aqui com a turnê do novo álbum, Icky Thump. Tudo muito lindo e legal, se for realmente verdade. A cada ano que passa a agenda brasileira de shows vem melhorando cada vez mais, e um número cada vez maior de bandas vão manifestando a vontade de vir para cá. A questão é que sair da Europa ou Estados Unidos e vir fazer show aqui é uma mina de ouro, talvez seja esse o grande motivo da agenda estar mais gorda. O Brasil fica no meio do nada, não tem como sair daqui e ir rapidinho para o país ao lado fazer outro show, no máximo um show em Buenos Aires, mas a viagem pára por aí. Uma vinda para cá significa possíveis shows perdidos que poderiam ter acontecido em qualquer outro lugar do mundo. Sem contar que também não é viável sair rodando o país como acontece quando as bandas vão para os Estados Unidos. É Rio, São Paulo e só, no máximo Curitiba. Todo esse “prejuízo” tem de ser reembolsado de alguma maneira e assim o leilão de cachês vai tomando proporções cada vez maiores. Saber se isso tudo é bom ou ruim é outra história. O fato é que as bandas estão vindo mais para cá e junto com elas as especulações. E, ao que me parece, infelizmente teremos de conviver com isso. Portanto só nos resta esperar e torcer para que White Stripes e Smashing Pumpkins estejam no “rol de atrações do segundo semestre”.

Track 9 (The White Stripes - Passive Manipulation)

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16.8.07

Arcade... quando?

A dúvida está na cabeça de todos: quando o Arcade Fire volta ao Brasil? Por enquanto essa é uma pergunta que ainda não tem resposta, mas otimistas de plantão por aí afirmam que isso não está muito longe de acontecer. Pois é, só quem já esteve em um show do Arcade é que sabe do que se trata ouvir a banda ao vivo. Ouvir o cd é legal, é tudo bonito etc. Mas não tem como não se surpreender ao ver aquele monte de gente em cima do palco tocando e cantando tudo tão bem e em harmonia. É difícil de esquecer do show do Rio em 2005 quando na verdade ninguém dava nada pela banda e a maioria do público que lotou o Tim Lab tinha comprado o ingresso pelo fato do Strokes ter esgotado – dois dias depois marcando outra data. O show foi inesquecível para os dois lados: banda e público. Os sorrisos e as expressões "como assim eles sabem cantar todas as músicas??" faziam todos cantarem ainda mais alto. Uma semana depois do show, Richard Perry posta “Brazil, I love you” no seu scrapbook no site oficial da banda, ou seja, gostar da terrinha eles gostaram, falta é uma produtora de respeito resolver colocar aquele monte de gente com seus instrumentos engraçados num avião e trazê-los para cá mais uma vez. Eles meio que competem com o Franz no cargo de publicitários do público brasileiro. São várias as bandas que comentam a propaganda que eles fazem daqui. No site oficial a última data deles é 19 de Novembro e é impossível não ficar pensando “quem sabe depois disso”... O fato é que não parece existir nada concreto, de certo mesmo só a expectativa. As últimas apresentações da banda mundo a fora têm sido ultra aclamadas, eles definitivamente viraram stars. Em 2005 ainda eram uma bandinha canadense que fazia sucesso nos Estados Unidos. O álbum nem tinha sido lançado no Brasil ainda, daí a empolgação diante da platéia cantante. O cd novo – Neon Bible, para os desavisados – foi gravado numa igreja e está cheio de efeitinhos bonitos. Eles se superam cada vez mais no grau de vanguardisse. Se fosse qualquer outra banda nacional dessas pseudo-politicamente-corretas que batesse com as baquetas em capacetes e rasgasse revistas nas apresentações tudo soaria forçado. O Arcade consegue fazer a coisa parecer natural... e sem querer nem subestimar nem pagar pau para ninguém ainda não vi nada parecido. Seguindo a tendência de tocar em elevadores segue abaixo um link com toda a banda tocando “Neon Bible” num elevador – enorme, claro.

Arcade Fire - Tim Festival 2005.

Track 1 (The Arcade Fire - Black Mirror)

Link:

Performance no elevador. Richard rasgando uma resvista no ritmo da música.
http://www.youtube.com/watch?v=wjxef8AfVQg&mode=related&search=

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9.8.07

Union Of Knives - Tate Tracks

Aproveitando a deixa do Long Blondes... mais Tate Tracks. Como já foi falado aqui, Tate Tracks é um projeto do Tate – grupo de galerias na Inglaterra – que está fazendo parceria com algumas bandas, envolvendo música e artes plásticas. As canções são compostas exclusivamente para as obras, eleitas pelos próprios músicos como fonte de inspiração. Além do Long Blondes, uma banda em especial me chamou a atenção: o Union Of Knives. Trata-se de um trio de Glasgow que faz um som meio eletro meio porradinha que em algumas músicas lembra muito Placebo, e em outras faz você querer ouvir Arcade Fire porque, apesar de ser parecido, Arcade é melhor. A questão é que o resultado alcançado por eles com a obra Quattro Stagione, de Cy Towmbly, é simplesmente fantástico. Para falar a verdade, o quadro ajuda muito nisso. É uma obra feita em quatro partes, cada uma representando uma estação do ano, com suas cores e sensações específicas. O estilo de Towmbly lembra um pouco a maneira de trabalhar de Pollock: os movimentos com o pincel ficam bastante claros no produto final.
Cy Twombly, Quattro Stagioni (A Painting In Four Parts) - 1993-4

A canção feita pelo grupo escocês é cheia de altos e baixos (link no fim do post). Quando você acha que ela está indo por um caminho, ela pega outro... e é assim até o final. Talvez seja esse o fator que tão bem representou uma obra que ao retratar as quatro estações, consequentemente retrata os processos de mudança entre elas. O projeto gráfico do Union Of Knives é meio esquisito e até um pouco feioso. Olhando o logo você é capaz de jurar que é uma banda de hardcore, mas para o bem de todos os visitantes do Tate – tanto as galerias quanto o site – não é. Isso não significa que a banda é boa. Digamos que ela fez um bom trabalho no projeto e que tem algumas músicas boas o suficiente para serem ouvidas até o final. Apesar de eu não ter caído de amores, vale a pena dar uma conferida no trabalho deles.

Union Of Knives


Links:

Tate Tracks - Union Of Knives vs. Cy Twombly:
http://flash.tatetracks.org.uk/06_union/narrow.htm

Evel Has Never clip - Union Of Knives:
http://www.youtube.com/watch?v=bOxc0XQEvsE

Track: any from the Tate Tracks.

cheers.

3.8.07

The Long Blondie

A banda das duas tem o nome relacionado à cor dourada dos cabelos. Uma é de fato loira e teve o auge do sucesso por volta do fim dos anos 1970. A outra tem o cabelo castanho, e está no auge do sucesso neste exato momento. A primeira é Debbie Harry, vocalista do Blondie. A segunda é Kate Jackson, vocalista do Long Blondes, sexto lugar na lista cool da NME no ano passado. A semelhança entre as duas – ou entre a banda das duas – já foi objeto de muitos comentários no mundo da música. A questão é que por mais clichê que isso seja, sair à procura de traços que atestem a influência exercida entre uma banda e outra é sempre uma tarefa válida. Uma das bandas precursoras do New Wave, o Blondie tem esse nome graças aos caminhoneiros tarados que passavam pela banda na estrada e colocavam a cabeça para o lado de fora da janela para gritar “louraaça”. Pode-se dizer que grande parte – ou quase toda – do sucesso conquistado pela banda se deve à Debbie. De personalidade forte e do tipo feminista e que sabe o quer, suas performances impressionam principalmente pela atitude. Quando o Long Blondes surgiu no início de 2006 a sensação que se tinha ao assistir as primeiras apresentações da banda ao vivo era a de resgatar levemente uma imagem um tanto quanto indefinida na memória. Pois é, no meu caso e acredito que no caso da maioria das pessoas, essa imagem era o Blondie. A semelhança não está apenas no comportamento das vocalistas no palco, o som também tem lá seus acordes em harmonia. No myspace do Long Blondes, Blondie não é citada como uma influência, mas ainda assim é difícil não perceber a relação de proximidade que tem as duas bandas. A banda de Debbie retomou as atividades em 1999, com shows, um CD e um DVD gravados ao vivo.

Pic By Dean Chalkley


Há quem diga que o Long Blondes é a banda mais cool do UK hoje. Independente de qualquer semelhança com qualquer outro grupo, eles estão em um processo de ascendência constante. Enquanto diversas bandas saíram do palco principal para tocar em palcos menores no line up da Carling Weekend desse ano, eles saíram do palco NME em direção ao main. Não é um fenômeno-de-evolução-de-palcos como o Arctic Monkeys, que foi do menor ao maior palco em um ano, mas isso demonstra o quanto a banda vem crescendo ultimamente. O debut Someone to Drive You Home de letras totalmente feministas e produzido pelo ex-baixista do Pulp, Steve Mackey, foi lançado esse ano no Brasil pela Trama. Os casaquinhos da vovó, os lencinhos no pescoço, as saias no joelho e o comportamento de Kate remontam totalmente aos anos cinqüenta, assim como todo o resto da banda. Eles foram recentemente convidados pelo Tate – grupo de galerias de arte espalhadas pelo UK – para fazer parte de um projeto cujo objetivo é compor músicas tomando por inspiração pinturas de alguma das galerias. Kate e seus companheiros de banda saíram pelo Tate Modern – uma das sedes do grupo, em Londres – à procura de um quadro para sua composição. A obra escolhida foi “Untitled” de Jannis Kounellis, pintor grego famoso por inserir matérias não-usuais em suas obras, como pedaços de carne, lixo etc. “Untitled chamou nossa atenção porque nós vimos sua paisagem industrial seca e áspera e prontamente nos imaginamos dentro dela”, afirma a banda.

Jannis Kounellis - Untitled 1979

Não há dúvidas de que a sensação transmitida pelo quadro foi perfeitamente capturada por eles: a impressão negativa e forte vai gradativamente dando lugar a um espírito, digamos, revolucionário na medida em que a música composta especialmente para o projeto vai se incrementando e nos surpreendendo com seus altos e baixos. Sem exageros e rasgações, chega um momento em que os pássaros parecem ganhar vida e sair voando do quadro. Exposições deste tipo não são nenhuma novidade. Aqui mesmo no Paço Imperial do Rio já houve algumas parecidas. Mas o resultado alcançado nesta do Tate, em especial, é de fato destacável. Além do Long Blondes, o projeto também conta com a participação do Klaxons, The Land Scapers, Chemical Brothers, Rol Deep, Graham Coxon, Union Of Knives, The Real Tuesday, Man Like Me, Lethal Bizzle e Basement Jaxx, que compõem músicas para obras de artistas como Andy Warhol e Anish Kapoor. A música do Long Blondes – assim como todas as outras compostas pelas outras bandas – pode ser escutada com o acompanhamento da pintura no site do Tate:
http://www.tate.org.uk/modern/tatetracks/longblondes_kounellis/.

Tate Track (The Long Blondes - Untitled Janis Kounellis)

Links:

X Ofender - Blondie:
http://www.youtube.com/watch?v=sZ6fpSdQQKc

(Behind) Closed Doors - The Long Blondes (Kate cantando dentro de um elevador):
http://www.youtube.com/watch?v=5ywBMF27VkA

cheers.

29.7.07

Festival Indie Rock

Depois de tanto falar dos festivais de verão europeus, finalmente um festival brasileiro está em pauta. O Festival Indie Rock aconteceu nos últimos dias 25 e 26 no Rio, e 26 e 27 em São Paulo. Além das atrações principais – The Magic Numbers e The Rakes – o festival contou com algumas bandas que têm repercutido positivamente no cenário nacional. O primeiro dia de festival no Rio teve Lucas Santtana & Seleção Natural e Hurtmold abrindo para o Magic Numbers. Para quem já viu filas quilométricas se formarem até quatro horas antes do show em tempos de Franz Ferdinand, o Circo Voador estava até bem vazio. Lucas Santtana & Seleção Natural subiram ao palco com um terço da quantidade de pessoas que assistiriam ao Magic Numbers mais tarde. O show foi bem o que se espera de uma banda que beira o MPB-alternativo, se é que isso existe: calmo, simples e bem satisfatório para quem aprecia o estilo. O show do Hurtmold, que aconteceu logo em seguida, levantou a parte do público que já apreciava o trabalho da banda, mas, em compensação, visivelmente irritou a outra parte que não agüentava mais ouvir música instrumental e experimental e queria logo ouvir os hits do Magic Numbers.
No dia 26, no Rio, houve uma alteração no line up devido à morte do flautista do Mombojó, que seria a segunda banda a tocar. O grupo pernambucano bem parecido com o Los Hermanos foi substituído pelo Nação Zumbi, que acabou abrindo o segundo dia de festival no Rio. É de fato difícil de entender o motivo de os organizadores dos festivais brasileiros adorarem colocar bandas nacionais politicamente corretas para abrir para as atrações principais. Talvez neste caso a organização do Indie Rock esteja perdoada por ter sido uma substituição de última hora, mas ainda assim um cuidado maior deveria ter sido tomado quanto à relação entre a atração principal e a banda de abertura. Terminado o show do Nação Zumbi, Móveis Coloniais de Acajú sobe ao palco, surpreendendo a todos com a brilhante atuação. Já foi comentado neste blog que o grande problema das bandas nacionais é o de copiar fielmente as bandas estrangeiras, e que falta nelas o elemento novo. Pois é, pode-se dizer definitivamente que Móveis Coloniais de Acajú tem esse elemento.

Móveis Coloniais de Acajú - Pic By Thais Gallart

O show impressionou bastante não só pela qualidade técnica da banda como pela criatividade e irreverência. A performance teve um quê de teatral, com os músicos correndo de um lado para o outro no palco, fazendo a coisa toda parecer uma grande festa, praticamente um baile de carnaval. No fim do show, todos se surpreendem quando o vocalista, André Gonzáles, desce do palco e pede para a platéia dar as mãos e formar uma roda. Enquanto alguns dos músicos se concentravam no centro do círculo, o público fazia movimentos coreografados ditados por André. Foi uma boa prévia para o show do Rakes que estava por vir.
O line up de São Paulo não teve Lucas Santtana, mas contou com o Moptop, banda bem quase cópia descarada do Strokes, mas que ainda assim toca bem e empolga o público. Talvez o festival tenha sido um pouco prejudicado por acontecer no meio da semana, mas ainda assim o saldo geral foi positivo.

Track 1 (The Strokes - You Live Only Once)

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The Magic Numbers - Rio 07.

Todos já estavam há tempos esperando um show do Magic Numbers no Brasil. A banda inglesa formada por dois casais de irmãos passou por aqui no primeiro dia do Festival Indie Rock, dando continuidade à turnê de seu segundo álbum, Those The Brokes. Sem ironias, o adjetivo “fofo” se encaixa perfeitamente para os quatro integrantes: Romeo, Angela, Sean e Michele. Esbanjando simpatia e agradando a todos por onde passava, a banda fez dois shows no Rio: o primeiro foi um pocket na Fnac no dia 24 de julho, terça-feira, o segundo foi no Indie Rock no dia seguinte. O pocket show mal teve divulgação, e ao chegar lá pôde-se perceber exatamente o porquê disso. Eram apenas algumas cadeiras e um mini-palco, tudo bem pocket mesmo. A impressão (e vontade) que dava era que o evento poderia ter acontecido na sala da sua casa. O público que compareceu no local teve de se conter angustiantemente sentado durante as apresentações que impressionavam não só pela afinação de Angela e Michele como pela interação entre a banda. Foram apenas três músicas - “Take A Chance”, “Love Me Like You” e “Love Is Game” – o que deixou todos na expectativa para o dia seguinte.
Em entrevista a este blog, Michele fala um pouco do segundo álbum e de algumas preferências da banda quando o assunto é a platéia e o formato do show:

Michele . Pic By Thais Gallart

Tracks On Stereo: Um pouco diferente de outras bandas, vocês não pararam desde o primeiro álbum e, de acordo com a imprensa, Those The Brokes foi inteiramente escrito na estrada. Quais são as vantagens de não quebrar o ritmo e emendar um trabalho no outro como vocês fizeram?

Michele: “Bem, para ser bem honesta, nós nunca precisamos parar. Apesar de estar na estrada ser bem cansativo, é viajando que nós ficamos na nossa melhor forma, nós estamos desde o início dando nosso melhor e desde então estamos nos mantendo infreáveis na medida do possível. Romeo vem escrevendo várias músicas novas e cada uma delas vem apresentando um desafio cada vez maior para conseguirmos tocar. Nós estávamos muito ansiosos para gravá-las e viver o sonho de estar no estúdio fazendo um novo álbum mais uma vez. Não foi preciso tirar uns meses de férias para escrever, como ‘outras bandas’ geralmente fazem, nós só queríamos continuar no mesmo ritmo em que estávamos trabalhando, o que funcionou como uma grande vantagem para o nosso desempenho na gravação do disco e na produção também, deixando tudo do jeito que tínhamos imaginado.”

Tracks On Stereo: Romeo declarou uma vez que Those The Brokes é um álbum “extremamente pessoal”. Poderíamos supor que tudo contado nas letras é de fato real e que vocês realmente viveram todas aquelas situações?

Michele: “Sim. Nós sempre frisamos que a banda representa uma experiência verdadeira de música que vem da alma, e não só quanto às nossas personalidades isoladas, (nós quatro no palco, entrevistas etc...) mas na música e nas letras também. Às vezes eu não sei como ele (Romeo) consegue fazer isso, abrindo o coração para que o mundo veja. É tudo sobre um monte de coisas pelas quais passamos de tempos em tempos. Então sim, Those The Brokes é bastante pessoal, assim como tudo o que já tenhamos escrito ou falado.”

Tracks On Stereo: Vocês estão acostumados a tocar tanto para platéias pequenas quanto para platéias enormes. Qual das duas opções vocês acham que mais combina com o som de vocês? Vocês têm alguma preferência quanto a isso?

Michele: “Nós simplesmente amamos fazer shows, é o melhor momento do dia... Por várias vezes já tentei descrever o sentimento de estar no palco, toda aquela euforia e adrenalina, ver as pessoas cantando as suas músicas, pessoas de toda parte do mundo. Então em qualquer lugar, seja num festival ou em um pequeno clube, nós sempre nos divertimos. Se eu tivesse de ser específica e eleger uma preferência, seria quando tocamos num show só nosso sendo a única atração principal. Fazer nosso próprio show nos permite mostrar todos os lados da banda de uma maneira dinâmica e intimista. Nós adoramos quando é possível ter a multidão gritando feito louca em alguns momentos e em outros tê-la tão quieta a ponto de ouvir uma palheta cair no chão. (heehee!!)”

Angela . Romeo . Michele - Pic By Thais Gallart

Logo depois do show de bolso, a banda ficou disponível para autógrafos e para falar com os fãs. Enquanto conversávamos, eles comentaram que não sabiam o que esperar para o show do Circo, mas que a ansiedade era grande. No dia 25, depois das apresentações de Lucas Santtana & Seleção Natural e Hurtmold, eles fecharam a noite fazendo um show que marcaria o ano definitivamente. Eles interagiram com a platéia o tempo todo, com direito a música ensaiada. Não tinha como não se contagiar com a alegria que emanava dos sorrisos de Michele e Romeo ao ouvirem o público cantar em coro os hits da banda.

Magic Numbers - Pic By Thais Gallart

O show teve uma música inédita e alguns covers, entre eles o inusitado “Crazy In Love” da Beyoncé, mostrando um lado brincalhão bem a exemplo das várias faces da banda das quais Michele comenta na entrevista. E falando nela, a irmã simpática de Romeo soltou totalmente a franga e se divertiu rebolando até o chão, pedindo para o público acompanhar. Um momento do qual os fãs certamente não vão esquecer foi quando Romeo prometeu que eles voltarão, e deu data certa para isso: fevereiro. Durante o pocket show na Fnac uma das organizadoras do festival comentou com um fã sobre a possibilidade de uma nova edição em fevereiro. Será? Enfim, teremos de ir dormir com essa dúvida, pelo menos por enquanto.

Angela - Pic By Thais Gallart

Track 11 (Magic Numbers - Runnin' Out)

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The Rakes - Rio 07.

O encerramento do segundo dia de Festival Indie Rock no Rio ficou por conta do Rakes, banda londrina formada por Alan (vocal), Mathew (guitarra), Jamie (baixo) e Lasse (bateria). Não é de hoje que o boato da vinda do Rakes ao Brasil ronda a internet. Eles já foram a atração de duas edições do Curutiba Rock Festival (Sonora, whatever) que não existiram. O que se sabe é que todos já estavam cansados de alimentar expectativas, mas dessa vez foi pra valer. Quando o show começou veio quase que instantaneamente uma sensação esquisita. O som não estava bom, o microfone estava baixo e, verdade seja dita, todos estavam se sentindo mal, temendo uma possível decepção. Mas, especificamente a partir de “22 Grand Job”, a realidade foi outra. O som melhorou e a batida forte da música fez o público entrar no ritmo. As músicas seguintes foram gradativamente ficando mais e mais empolgantes, com a platéia respondendo à altura. A empolgação foi tanta que em um determinado momento, o Jamie começou a puxar as pessoas para o palco, que em segundos foi invadido por inúmeros fãs que pulavam e faziam zorra, num clima de total algazarra punk bem parecido com o som do Rakes no primeiro álbum, como diria o Mathew quando comentou sobre as diferenças entre o primeiro e segundo álbum para o blog:

Mathew - Pic By Thais Gallart

Tracks On Stereo: Vocês já declararam que o segundo álbum não foi nenhum tipo de “passo à frente” rumo ao experimentalismo ou coisa assim. O que ele teria de diferente, então?

Mathew: “Ahnn... O primeiro álbum é um pouco mais cru, as músicas foram escritas euforicamente numa tentativa de deixar a coisa mais punk mesmo. No segundo, além de termos melhorado, nós seguimos por um caminho mais melódico. Basicamente é essa a principal diferença: o primeiro é muito mais punk enquanto o segundo é mais melódico, basicamente isso.”

Tracks On Stereo: A platéia pegou fogo no show de vocês na Carling Weekend Leeds no ano passado. O que vocês esperam da platéia daqui? Alguém falou algo relacionado ao público brasileiro para vocês?

Mathew: “Sim, sim. O Franz Ferdinand! Foi aqui mesmo [Circo Voador] que eles tocaram no ano passado, não foi? Eles disseram que o público é insano, que cantam em coro e não param de se mexer um segundo. Eles fazem sucesso por aqui. Eu espero que todos peguem fogo hoje aqui também.”

Alan - Pic By Thais Gallart

Depois de os seguranças expulsarem todos do palco, o show seguiu com a mesma empolgação. Quando estava tudo se encaminhando para o fim, o Alan se jogou na platéia, destacando a extrema discrepância entre o fim explosivo e o início frio do show. Assim, diferente do que todos temiam no início, o show do Rakes foi insano, com uma sensação de “nada é proibido” no ar. Felizmente, todos curtiram e não decepcionaram as expectativas do Mathew que competiam injustamente com o show histórico do Franz que aconteceu no Circo em fevereiro do ano passado. Não é a primeira vez que uma banda comenta a propaganda positiva que o Franz faz do Brasil e do público brasileiro. Isso tem o lado bom de fazer com que outras bandas tenham vontade de vir para cá, e tem o lado complicado de fazer jus às descrições de Alex e cia. quando elas vierem. Mas, pelo menos no que diz respeito ao show do Rakes, a sensação parece ter sido de dever cumprido.

Pic By Thais Gallart

Track 1 (The Rakes - The World Was A Mess But His Hair Was Perfect)

Cheers.

19.7.07

Polly Jean

Ela usa apitos nas suas apresentações, ela tem músicas com duas baterias sendo tocadas simultaneamente, ela leva tombos no palco, ela usa roupas com fotos dela mesma. As opiniões sobre PJ Harvey costumam variar muito. Fora do Brasil ela já tem seu público consagrado há tempos. Aqui, ela sempre foi considerada meio under demais. O fato é que a cantora inglesa super-esquelética resolveu sair da toca e está lançando novo álbum em setembro desse ano. O disco se chama “White Chalk” e já pôde ter algumas músicas conferidas no show que aconteceu recentemente no Bridgewater Hall, em Manchester. A crítica especializada morreu de amores pelo novo álbum. A próxima apresentação de Polly será no Royal Festival Hall, em Londres, em 29 de setembro próximo. Quem também está prestes a lançar cd novo é o Kasabian. O guitarrista Serge Pizzorno declarou que está fazendo toda a produção em casa, sozinho, em frente ao computador. A banda resolveu lançar um EP já divulgando algumas das músicas. O EP tem previsão para sair em setembro. Declararam ainda que queriam recompensar de alguma forma os fãs que os acompanharam e apoiaram durante os últimos festivais, por isso o EP. Nada mais fácil do que dar apoio a uma banda se acabando nos festivais.


Link:
Mega performance da PJ tocando Rid Of Me no Big Day Out:
http://www.youtube.com/watch?v=48GIaN7SrGU

Track 2 (PJ Harvey - Good Fortune)

Cheers.

Latitude Festival

Continuando a falar dos festivais que tomam conta do cenário musical europeu e não nos dão tempo de respirar, o Latitude Festival aconteceu neste último fim de semana, dias 13, 14 e 15 de Julho, no Henham Park, em Suffold, UK. Essa é a segunda edição do festival que é uma espécie de festival de cultura em geral. Além de música, também tem literatura, comediantes and stuff. Como de costume, CSS é parte do line up. Mas a inusitada presença brasileira desta vez, excepcionalmente, não é o CSS, e sim o Bonde do Rolê. Por incrível que pareça – se bem que ultimamente nada mais é incrível – o público estava realmente aguardando a apresentação do trio curitibano. Espero que eles tenham sido mais sortudos que eu. Foi numa noite chuvosa do ano passado que eu fui conferir a banda num desses lugares pequenos e esquisitos, no Catete. Para resumir, funk alternativo não funciona em terras de funk de verdade. O show foi uma bosta e nenhum dos presentes teve coragem de soltar a franga e dançar feito uma tchutchuca de respeito, como geralmente acontece em shows da banda em outras capitais. Ao final, não sei se pelo desespero ou por pura falta do que fazer, eles ainda viraram um latão de lixo na cabeça. Mas, tudo isso na Inglaterra é exótico e muito interessante, o que eu sou até obrigado a concordar, de certa maneira.


Entre as outras atrações também estavam o Clap Your Hands Say Yeah, The Rapture, Wilco, Cold War Kids e The Magic Numbers. Minhas recordações do Wilco também não são lá das melhores, não sei se foi o cansaço, mas eu sentei no chão e dormi um pouco no show deles no Tim em 2005. O Magic Numbers, como todos já sabem, toca semana que vem aqui no Brasil.

Links:
Cold War Kids no Latitude:
http://www.youtube.com/watch?v=3F7kSFDq5Sk

Wilco no Latitude (tirem suas próprias conclusões, apesar da baixa qualidade do vídeo):
http://www.youtube.com/watch?v=Mm_9Wr4EU4Q

Como de costume, Arcade (também no Latitude):
http://www.youtube.com/watch?v=Rruu3-NSIg4

Já entrando no clima:
Track 11 (The Magic Numbers - Runnin' out)

Cheers.

11.7.07

T in the Park

Não deu nem tempo de repor as energias. Duas semanas depois do Glastonbury, agora foi a vez do T in the Park. O festival aconteceu em Balado, na Escócia, nos últimos dias 7 e 8 de Julho (sáb e dom). Em comparação ao Glastonbury, o T in the park é até bem recente. A primeira edição aconteceu em 1994 e teve, entre outros, Blur, Oasis e Bjork no line up. Esse ano a coisa foi tão animada que chegou a contagiar o Artic Monkeys. Em resposta às criticas que receberam pelo show do Glasto – acusado de ter um set fraco e um som não muito bom - a banda contou até com o bom humor do Alex, considerado bastante raro. No meio do show o vocalista se vira para a platéia: “Are you all having a good time?” “Cos I fucking am” – bem o tipo de coisa que não se ouve todo dia da boca de um pós-adolescente famoso um tanto quanto seco, digamos. Eu lembro de me deparar com a figura no ano passado após um show do Arctic em Londres, nos fundos do venue. Parecia que ele estava dormindo enquanto dava os autógrafos para os fãs que faltavam apertar seu pescoço para ver se ele falava alguma coisa.

Arctic Monkeys no main stage. Pic by Andy Willsher. Fonte: NME

Ao contrário de Alex Turner, Win Butler, do Arcade Fire, foi de poucas palavras durante o show inteiro. O que não fez a performance da banda ser menos fantástica e estarrecedora de acordo com a crítica. Me parece que só com o segundo cd que o Arcade ganhou proporções realmente significativas no UK e no resto da Europa. Enquanto no Canadá e nos Estados eles estão super estourados desde o primeiro álbum.

Arcade Fire no main stage. Pic by Danny North. Fonte: NME

O Snow Patrol fechou o último dia de festival depois de passar por momentos de apreensão por conta da prisão do tecladista Tom Simpson. Não se sabia nem se ele seria solto a tempo de tocar. A banda estava embarcando para a Irlanda para tocar no Oxegen Festival quando Tom foi preso. O motivo da prisão ainda está meio encoberto. O Snow Patrol é uma daquelas bandas que ficam ali na linha divisória do main stream. Não que isso seja bom ou ruim, acho ótimo uma banda boa tocar nas rádios brasileiras. Mas poderiam, pelo menos, ter escolhido uma versão não-mixada de "Open your eyes", já que a música tocaria a torto e a direito em todo lugar.

Snow Patrol no main stage. Pic by Sonia Melot. Fonte: NME


Links:
Arctic Monkeys tocando Brainstorm no T:
http://www.youtube.com/watch?v=5HZ1YGnXZ2U
Arcade Fire - Intervention e Wake Up (também no T, lógico):
http://www.youtube.com/watch?v=4zNK5kKG0n4

Track 2 (Arcade Fire - Laika)

10.7.07

Courtney Love (Foxxx)

CSS again - as circunstâncias me obrigam a postar sobre a banda mais uma vez . Reza a lenda que Love Foxx e todo o resto estavam descansando em seu trailer no backstage após o show do Coachella – mega festival que acontece todo ano na Califórnia – quando uma louca esbaforida entra do nada: “Quem são vocês? Posso me esconder aqui? É que estão me perseguindo!”. Sim, a louca esbaforida invasora de trailers é Courtney Love. Depois da invasão, Courtney aparentemente fez amizade com a banda e ficou relaxando na mesinha do lado de fora - no final do post tem o link de um vídeo do youtube que mostra Courtney no trailer do CSS dando uma entrevista. Quando todos nós pensamos que a ex Sra. Cobain não tem mais o que inventar depois de tantas capas de tablóides que já rendeu, ela aparece com mais uma de suas façanhas. Quem presenciou o acontecido pensou logo que Courtney era apenas mais uma fã do CSS e só estava indo fazer uma visita de rotina, mas na realidade ela estava era fugindo de alguma que estavam aprontando contra ela – ou o contrário. Courtney está prestes a lançar seu mais novo álbum, que leva o título nada sugestivo de “Nobody’s Daughter”. Ela fez um show ontem (09/07) em Londres para comemorar seu aniversário. No show, além das músicas antigas do Hole e de sua carreira solo, ela tocou algumas músicas novas, com direito a um agradecimento especial para Linda Perry que a ajudou na composição das letras e produziu o álbum. Voltando à história do trailer, não bastasse a invasão da louca da Courtney, adivinhem quem mais deu o ar da graça? Paris Hilton, claro. A "patricinha burra que nem tem motorista e foi presa por dirigir bêbada" deve ter ficado sabendo da música em sua “homenagem” e foi visitar a banda. Meeting Courtney Love and Paris Hilton, literalmente.





Links:
Courtney no trailer do CSS (dá para ver os integrantes da banda ao fundo):
http://www.youtube.com/watch?v=4OM0UYebij0

Mais uma vez:
Track 4 (CSS - Meeting Paris Hilton)

4.7.07

O fim do cd.

Tudo começou com o vinil, daí veio a fita k7, depois o cd, e agora... pen drives. O novo álbum do White Stripes – Icky Thump – foi finalmente lançado no último dia 19 de Junho nos Estados Unidos e na Europa. O lançamento do cd foi um tanto quanto conturbado devido a uma radialista americana que divulgou quase todas as faixas do disco antes da hora. Só não foram todas porque a programação da rádio foi interrompida por uma ligação do próprio Jack White que falou poucas e boas para a mulher, é lógico. A radialista esquisita ainda postou em seu blog que estava muito magoada e que não tinha feito nada demais – go figure. Mas apesar de toda a confusão, o que está realmente dando o que falar é a forma alternativa que os Whites encontraram para lançar o cd, digo, as pen drives. Alegando que suas músicas seriam pirateadas na internet de uma forma ou de outra, a dupla colocou à venda pen drives personalizadas com todo o conteúdo do álbum. São dois modelos: uma miniatura do Jack e uma miniatura da Meg. A edição é ultra limitada e conta apenas com 3.333 exemplares - não sei o porquê do número enigmático. Apenas duas podem ser compradas por pessoa: uma do Jack e outra da Meg, obviamente. Cada uma custa 57 dólares e cinqüenta centavos, comprando as duas juntas tem um desconto de 10 dólares. A forma alternativa de lançar o álbum encontrada pela dupla é no mínimo interessante. Se a moda pegar, em um futuro muito breve as prateleiras das lojas de cd estarão repletas de pen drives.


LINKS:
Performance de Icky Thump live on jools holland:
http://www.youtube.com/watch?v=KkO8Zg-WHno

Track 1 (White Stripes - Icky Thump)
Cheers.

28.6.07

News n Stuff

Falando novamente no Pete, ele estará hoje (28/06) na livraria Red Snapper Books, em Londres, autografando exemplares do “The Books Of Albion”, uma publicação que reúne escritos de seus diários, matérias sobre o Libertines que ele tirou de revistas e outras coisas pessoais que ele resolveu publicar. A Red Snapper é uma livraria pequena especializada em cultura underground. O próprio Pete escolheu fazer lá a tarde de autógrafos por ter sido cliente assíduo do local. Sabendo dessa história toda, fui procurar por outros livros relacionados a ele e ao Libertines na amazon.com. O resultado da busca foi catastrófico. Existe uma infinidade de livros com títulos patéticos que tentam explicar o que passa na mente do “gênio perturbado” Pete Doherty. Entre todos esses livros de banca de jornal tem um que chama atenção por ser escrito pela própria mãe do Pete, a Sra. Jacqueline Doherty - o título é “Pete Doherty My Prodigal Son”. Nem sua própria mãe escapa do grupo que tenta, de qualquer forma, tirar proveito de sua insanidade narcótica. “Pete Doherty: On the Edge: The True Story Of A Troubled Genius”, escrito por Nathan Yates, é outro exemplo desse tipo.


...


A NME está recolhendo fotos de todo tipo tiradas pelo público do Glastonbury. Achei essa genial e resolvi postar. Traduz totalmente o espírito de um festival: Tudo enlameado e de pernas pro ar:




...



Todos estão comentando a participação de Jack White no papel de Elvis Presley em Walk Hard , filme que estréia 14 de Dezembro nos Estados Unidos. Não vejo muito motivo para todo o alarde, já que este é o seu terceiro trabalho como ator e isso não é mais uma novidade. Talvez o que impressione é o fato de o personagem ser Elvis e a possível relação com a carreira de Jack que isso traz. O papel de Jack em Cold Mountain foi tão pequeno que nem deu para avaliar suas habilidades cênicas muito bem. A mesma coisa aconetece em Coffee and Cigarettes, do Jim Jarmusch, não por ser um papel pequeno, mas por ele interpretar ele mesmo, Jack White. De qualquer forma, prefiro o Jack vocalista do White Stripes (mais do que o vocalista do Raconteurs) ao Jack ator. Tratando mais especificamente do vocalista do Raconteurs, achei que Jack foi um pouco ofuscado pela quantidade de gente junto com ele na formação da banda. Posso estar sendo influenciado pelo minimalismo do White Stripes, mas acho que a Meg tímida e com movimentos suaves basta para ele. No ano passado, Raconteurs e Muse estavam tocando ao mesmo tempo em palcos diferentes. Tive de optar por um dos dois. Escolhi o Raconteurs e me arrependi, claro.


Links:

Mais Babyshambles no Glastonbury (video com mais de 30 minutos):

http://www.youtube.com/watch?v=V4GX5_sw4_k

Comercial da Coca-Cola com trilha do Jack White (só foi ao ar na Austrália e uma vez no UK):

http://www.youtube.com/watch?v=Q9zgT3WzTVA

É isso.

Cheers.

Track 12 (Babyshambles - Albion)


25.6.07

Glasto 07.

Multidões andando de um lado para o outro, muita lama, meninas usando botas plásticas coloridas (Wellingtons), uma pirâmide-palco ao fundo compondo a paisagem e muita música: esta é a atmosfera do Glastonbury. O festival aconteceu nos últimos dias 23, 24 e 25 de junho na Inglaterra e contou, entre outras coisas, com uma morte macabra por overdose e uma apresentação surpresa do Pete Doherty. A primeira edição aconteceu em 20 de setembro de 1970, um dia depois da morte de Jimi Hendrix. O ingresso custou uma libra e os mil e quinhentos espectadores que compareceram ainda tinham direito a beber leite de graça da fazenda. Muita coisa mudou desde então, e o Glastonbury é atualmente um dos principais festivais de verão do UK. Esse ano a coisa foi, pelo visto, muito agitada e cheia de surpresas. Tão agitada que fez um rapaz de 26 anos exagerar na dose de ilegals e ser encontrado inconsciente no primeiro dia de festival, vindo a morrer no hospital no dia seguinte – odd. Foram registrados 171 crimes nessa edição, em sua maioria relacionados a envolvimento com drogas. O número pode assustar, mas ainda assim é menor do que os 180 registrados em 2005. O grande elemento surpresa deste ano foi, sem dúvida, o show solo do Pete:


Pic by Andrew Kendall. Fonte: NME

Dizem que ele recebeu apenas míseras cem libras para fazer o show extra, que aconteceu logo após a sua apresentação com o Babyshambles. Ele tocou no Park Stage, um palco menor no qual ninguém podia esperar vê-lo tocando. Assim que a notícia correu, multidões se arrastaram dos outros palcos para acompanhar o show. Além de suas músicas solo, Pete tocou alguns dos vários hinos emplacados pelo Libertines, o que levou o público ao delírio, claro. Outra banda que chamou atenção com sua performance avassaladora foi o The Horrors:


Pic by Tom Oxley. Fonte: NME

Desde que entraram para a vida de rock stars, eles não cansam de impressionar o público com suas bizarrices. Faris Badwin, integrante da banda, teve sua camisa dilacerada ao se jogar na platéia durante o show. Está certo que neste caso a bizarrice é mais da platéia do que dele, mas ainda assim eles são seres um tanto esquisitos. A banda havia postado anteriormente em seu site oficial que se as previsões do tempo não falhassem para o fim-de-semana do Glasto, rios de lama correriam pelo festival e que seria um ambiente mais do que propício para um show deles, pediam para os fãs se prepararem. Se preparando ou não, é fato que eles curtiram ao máximo o som dilacerante do Horrors. O Glasto foi só um dos festivais que vão tomar conta da Europa esse ano. Ainda tem T in the Park, Carling Weekend, Lowlands e muitos outros vindo por aí. Pena é não estar lá para ir a todos.

LINKS:
Entrevista com o Babyshambles (Glasto 07)
http://www.youtube.com/watch?v=f68WfRfxJL0&mode=related&search

Pete tocando Albion no Glasto
http://www.youtube.com/watch?v=F3vIMYwVDf8

Track 7 (The Horrors - Sheena Is A Parasite)

É isso.
Cheers.