28.6.07

News n Stuff

Falando novamente no Pete, ele estará hoje (28/06) na livraria Red Snapper Books, em Londres, autografando exemplares do “The Books Of Albion”, uma publicação que reúne escritos de seus diários, matérias sobre o Libertines que ele tirou de revistas e outras coisas pessoais que ele resolveu publicar. A Red Snapper é uma livraria pequena especializada em cultura underground. O próprio Pete escolheu fazer lá a tarde de autógrafos por ter sido cliente assíduo do local. Sabendo dessa história toda, fui procurar por outros livros relacionados a ele e ao Libertines na amazon.com. O resultado da busca foi catastrófico. Existe uma infinidade de livros com títulos patéticos que tentam explicar o que passa na mente do “gênio perturbado” Pete Doherty. Entre todos esses livros de banca de jornal tem um que chama atenção por ser escrito pela própria mãe do Pete, a Sra. Jacqueline Doherty - o título é “Pete Doherty My Prodigal Son”. Nem sua própria mãe escapa do grupo que tenta, de qualquer forma, tirar proveito de sua insanidade narcótica. “Pete Doherty: On the Edge: The True Story Of A Troubled Genius”, escrito por Nathan Yates, é outro exemplo desse tipo.


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A NME está recolhendo fotos de todo tipo tiradas pelo público do Glastonbury. Achei essa genial e resolvi postar. Traduz totalmente o espírito de um festival: Tudo enlameado e de pernas pro ar:




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Todos estão comentando a participação de Jack White no papel de Elvis Presley em Walk Hard , filme que estréia 14 de Dezembro nos Estados Unidos. Não vejo muito motivo para todo o alarde, já que este é o seu terceiro trabalho como ator e isso não é mais uma novidade. Talvez o que impressione é o fato de o personagem ser Elvis e a possível relação com a carreira de Jack que isso traz. O papel de Jack em Cold Mountain foi tão pequeno que nem deu para avaliar suas habilidades cênicas muito bem. A mesma coisa aconetece em Coffee and Cigarettes, do Jim Jarmusch, não por ser um papel pequeno, mas por ele interpretar ele mesmo, Jack White. De qualquer forma, prefiro o Jack vocalista do White Stripes (mais do que o vocalista do Raconteurs) ao Jack ator. Tratando mais especificamente do vocalista do Raconteurs, achei que Jack foi um pouco ofuscado pela quantidade de gente junto com ele na formação da banda. Posso estar sendo influenciado pelo minimalismo do White Stripes, mas acho que a Meg tímida e com movimentos suaves basta para ele. No ano passado, Raconteurs e Muse estavam tocando ao mesmo tempo em palcos diferentes. Tive de optar por um dos dois. Escolhi o Raconteurs e me arrependi, claro.


Links:

Mais Babyshambles no Glastonbury (video com mais de 30 minutos):

http://www.youtube.com/watch?v=V4GX5_sw4_k

Comercial da Coca-Cola com trilha do Jack White (só foi ao ar na Austrália e uma vez no UK):

http://www.youtube.com/watch?v=Q9zgT3WzTVA

É isso.

Cheers.

Track 12 (Babyshambles - Albion)


25.6.07

Glasto 07.

Multidões andando de um lado para o outro, muita lama, meninas usando botas plásticas coloridas (Wellingtons), uma pirâmide-palco ao fundo compondo a paisagem e muita música: esta é a atmosfera do Glastonbury. O festival aconteceu nos últimos dias 23, 24 e 25 de junho na Inglaterra e contou, entre outras coisas, com uma morte macabra por overdose e uma apresentação surpresa do Pete Doherty. A primeira edição aconteceu em 20 de setembro de 1970, um dia depois da morte de Jimi Hendrix. O ingresso custou uma libra e os mil e quinhentos espectadores que compareceram ainda tinham direito a beber leite de graça da fazenda. Muita coisa mudou desde então, e o Glastonbury é atualmente um dos principais festivais de verão do UK. Esse ano a coisa foi, pelo visto, muito agitada e cheia de surpresas. Tão agitada que fez um rapaz de 26 anos exagerar na dose de ilegals e ser encontrado inconsciente no primeiro dia de festival, vindo a morrer no hospital no dia seguinte – odd. Foram registrados 171 crimes nessa edição, em sua maioria relacionados a envolvimento com drogas. O número pode assustar, mas ainda assim é menor do que os 180 registrados em 2005. O grande elemento surpresa deste ano foi, sem dúvida, o show solo do Pete:


Pic by Andrew Kendall. Fonte: NME

Dizem que ele recebeu apenas míseras cem libras para fazer o show extra, que aconteceu logo após a sua apresentação com o Babyshambles. Ele tocou no Park Stage, um palco menor no qual ninguém podia esperar vê-lo tocando. Assim que a notícia correu, multidões se arrastaram dos outros palcos para acompanhar o show. Além de suas músicas solo, Pete tocou alguns dos vários hinos emplacados pelo Libertines, o que levou o público ao delírio, claro. Outra banda que chamou atenção com sua performance avassaladora foi o The Horrors:


Pic by Tom Oxley. Fonte: NME

Desde que entraram para a vida de rock stars, eles não cansam de impressionar o público com suas bizarrices. Faris Badwin, integrante da banda, teve sua camisa dilacerada ao se jogar na platéia durante o show. Está certo que neste caso a bizarrice é mais da platéia do que dele, mas ainda assim eles são seres um tanto esquisitos. A banda havia postado anteriormente em seu site oficial que se as previsões do tempo não falhassem para o fim-de-semana do Glasto, rios de lama correriam pelo festival e que seria um ambiente mais do que propício para um show deles, pediam para os fãs se prepararem. Se preparando ou não, é fato que eles curtiram ao máximo o som dilacerante do Horrors. O Glasto foi só um dos festivais que vão tomar conta da Europa esse ano. Ainda tem T in the Park, Carling Weekend, Lowlands e muitos outros vindo por aí. Pena é não estar lá para ir a todos.

LINKS:
Entrevista com o Babyshambles (Glasto 07)
http://www.youtube.com/watch?v=f68WfRfxJL0&mode=related&search

Pete tocando Albion no Glasto
http://www.youtube.com/watch?v=F3vIMYwVDf8

Track 7 (The Horrors - Sheena Is A Parasite)

É isso.
Cheers.





22.6.07

CSS: Como Surge o Sucesso.

Em 2005 eu lembro de estar no Tim Festival esperando o show do Arcade Fire começar quando vejo uma pessoinha de shorts jeans, meias rasgadas e com o joelho sujo pulando para cima e para baixo. Ela sentava, levantava, deitava, levantava de novo... Praticamente uma pulga. Enquanto o show não começava, uma amiga se vira para mim e diz: “Gente, mas essa love foxxx ta com fogo no cxxx, não pára quieta!”. O que ninguém podia imaginar é que a pessoinha simpática que não parava quieta com fogo no cxxx, dois anos depois, estaria na capa da NME e fazendo show no Japão. Que CSS já é um fenômeno mundial todos já sabem. Que a Love Foxxx já é um ícone do rock atual todos já sabem. O que ninguém sabe e que todos querem saber é porque uma banda aparentemente simples e ruim que você poderia ter feito com as suas primas ta fazendo tanto sucesso. Quando jornalistas fazem essa pergunta aos integrantes da banda eles dizem que o “povo do rock” se leva muito a sério. Seria esse então o segredo? Levar a coisa na brincadeira? Me parece que sim. O rock no Brasil nunca conseguiu ganhar proporções internacionais porque as bandas sempre se mataram para fazer algo bem feito se baseando em um padrão europeu ou americano. Ninguém vai reparar numa banda-cópia bem produzida enquanto as bandas que serviram de modelo para essas cópias estiverem disponíveis para qualquer um ouvir a qualquer momento. Ninguém faz sucesso sem trazer algo novo. E trazer algo novo no Brasil pode ser mais fácil do que se imagina. Se aproveitando de um tropicalismo exótico e quase selvagem que só brasileiro tem, Love Foxxx e sua turma foram em busca desse “algo novo”, e as manchetes estão aí para nos provar que eles encontraram. A coisa está tomando uma proporção realmente inimaginável para uma banda nacional. Em um site finlandês - sim, finlandês - , onde são exibidos looks de pessoas na rua com uma breve descrição, aparecem duas pessoas usando blusas do CSS; banal:


Há aproximadamente um ano atrás eu estava em Leeds para a Carling Weekend. Num surto de insônia resolvo sair vagando pela cidade à procura de um venue que ainda não tinha visitado e queria saber onde ficava: o Cockpit. Não fazia a mínima idéia de como ia fazer para encontrar, até que parei em frente a uma loja de cds, fechada obviamente, e vi um cartaz com as atrações do venue e o endereço. Olhei para um lado e para o outro e não vi ninguém. Não perdi tempo e roubei o cartaz para não precisar decorar o nome da rua onde ficava. Quando prestei atenção nas atrações vi que CSS era uma delas. A minha reação na hora foi de euforia:

Em meados de 2005 a banda ainda não era um fenômeno mundial e ver uma banda de rock brasileira tocando no UK era uma coisa nova. Mal sabia eu do futuro promissor que esperava a pulga de joelhos sujos do Tim Festival. Enquanto a Carling Weekend Leeds rolava no ano passado eles tocavam no modesto Cockpit, que fica embaixo de uma linha de trem. Um ano depois e eles já são uma atração super esperada do festival, deixando os venues modestos para trás.


Links:

Love Foxxx demonstrando seu tropicalismo selvagem no youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=elfWJdcNHqo

O tal site filandês de looks urbanos:
www.hel-looks.com

É isso. Cheers.

Track 4 - (CSS - Meeting Paris Hilton )

18.6.07

Marie Antoinette

A expectativa para o lançamento do terceiro filme de Sofia Coppola foi grande, mas a imprensa brasileira não pareceu dar muita importância ao fato. O filme é bom e não decepcionou, muito pelo contrário. Com uma linguagem totalmente nova, Sofia consegue comparar brilhantemente a juventude atual com a aristocracia francesa do século XVIII. O que realmente chamou atenção foi a trilha. Pessoas normais - ou não - quando assistem a um filme geralmente avaliam logo a fotografia, o figurino, a maquiagem ou a atuação. Existe um outro grupo de pessoas que desde a primeira cena fica de ouvidos alertas para avaliar a trilha e ver se ela combina. Para muitos inseridos no segundo grupo a mais nova produção de Sofia seria um ultraje à história e tradição dos filmes de época. Ela simplesmente ignora o fato de que um filme de época tradicionalmente traz músicas de época, e ousa ao misturar 80’s, pós-punk, música eletrônica e outras coisinhas novas. Ao chegar para a sessão, a primeira impressão é de que você entrou na sala errada. Uma coisa punk bem porradinha tocando enquanto os créditos iniciais passam numa tela rosa. Daí você pensa: Gente, não era um filme de época? Pouco depois do meio do filme, me esforçando para ficar confortável em uma cadeira de madeira de um cinema de quinta - fazer o quê... são os únicos que exibem os filmes rejeitados pela pobre imprensa nacional - ouço What Ever Happened. Sim, isso mesmo... As batidas de Fabrizio Moretti invadem a tela assim sem aviso prévio nem nada. Apesar de curta, a cena é suficientemente impactante para te fazer olhar pro lado e se perguntar se aquilo era realmente um efeito desejado ou se foi um lapso de algum editor moderninho que acabou trocando as fitas. O filme segue com essas surpresas, e quando vai chegando o final você já fica esperando qual vai ser a próxima. O resultado alcançado é genial. Co-dirigido por Roman Coppola, premiado em Cannes e levando o Oscar de melhor figurino, Marie Antoinette só veio a acrescentar no brilhante início de carreira da Srta. Coppola. Roman, irmão de Sofia que também co-dirigiu Virgens Suicidas, também é o diretor de todos os clipes das músicas dos dois primeiros álbuns do Strokes, Is This it e Room On Fire. Isso explica a proximidade da família com a banda. Para os curiosos que ainda não viram o filme e querem saber quais são as outras surpresas, segue o tracklist completo da trilha:



Disco 1
1. "Hong Kong Garden" - Siouxsie & The Banshees
2. "Aphrodisiac" - Bow Wow Wow
3. "What Ever Happened" - The Strokes
4. "Pulling Our Weight" - The Radio Dept.
5. "Ceremony" - New Order
6. "Natural's Not In It" - Gang Of Four
7. "I Want Candy (Kevin Shields Remix)" - Bow Wow Wow
8. "Kings Of The Wild Frontier" - Adam & The Ants
9. "Concerto in G" * - Antonio Vivaldi / Reitzell
10. "The Melody Of A Fallen Tree" - Windsor For The Derby
11. "I Don't Like It Like This" - The Radio Dept.
12. "Plainsong" - The Cure

Disco 2
1. "Intro Versailles"* - Reitzell / Beggs
2. "Jynweythek Ylow" - Aphex Twin
3. "Opus 17" - Dustin O'Halloran
4. "Il Secondo Giorno (Instrumental)" - Air
5. "Keen On Boys" - The Radio Dept.
6. "Opus 23" *- Dustin O'Halloran
7. "Les Baricades Misterieuses"* - Francois Couperin / Reitzell
8. "Fools Rush In (Kevin Shields Remix) - Bow Wow Wow
9. "Avril 14th" - Aphex Twin
10. "K. 213" * - Domenico Scarlatti / Reitzell
11. "Tommib Help Buss" - Squarepusher
12. "Tristes Apprets.." - Jean Philippe Rameau /W. Christie
13. "Opus 36" *- Dustin O'Halloran
14. "All Cat's Are Grey" - The Cure

Track 3 (The Strokes - What Ever Happened)

Cheers.

17.6.07

Singing In The Rain

É bem verdade que engarrafamento e chuva costumam ser uma combinação nada inspiradora, mas comigo a coisa não funcionou bem assim. Foi justamente em uma noite em que um dilúvio caía sobre o Rio que me veio a idéia de dar início a este blog. No ônibus, cantando baixinho e batendo o pé incansavelmente no banco da frente, eu cheguei à conclusão de que escrever sobre música e reunir informações e opiniões úteis a pessoas que, como eu, tentam se manter atualizadas no assunto poderia ser uma atividade produtiva. Três horas depois de cantar – baixinho – o repertório de inúmeras bandas, finalmente sentei em frente ao computador, e aqui estamos... Dando início a uma atividade que espero ser útil de alguma forma a qualquer um que venha a acessar este blog.

Track 9 (Maxïmo Park - The Night I Lost My Head)